sábado, 11 de abril de 2009

Trabalho, não, Perseguição Política!




Pois é, mesmo não conseguindo tirar férias (manobras de Zeus para tumultuar o movimento? Medo do Bial do que eu poderia fazer com tanto tempo livre?), ainda assim consegui assistir a Sangue Negro (Danny, IUHUUU!).

Então vamos lá, Bial. Lembre sempre que eu te amo, tá? E lembre também que é um tema infinitamente melhor que a carranca do Zé Bob. Você é um cara inteligente, tenho certeza que vai entender. Além disso, por puro e simples amor e respeito a você, não falarei sobre o lindo nariz aristocrático do Danny. Não falarei sobre os olhos penetrantes do Danny. Não falarei sobre as sobrancelhas grossas do Danny. Não falarei sobre a boca perfeita, coroando o queixo perfeito do Danny. Falarei simplesmente sobre o filme. Então, vamos ao filme.

O filme é cheio de clichês: bem contra o mal, fé contra o dinheiro, dois homens que se fizeram sozinhos e se colocaram em lados opostos, um tendo Deus ao seu lado, outro contanto com o petróleo e a violência.

Ou não.

Porque, claro, o Danny não faz filmes óbvios.

Então vamos recomeçar. Dois homens se fazem sozinhos, um conta com Deus, outro conta com o dinheiro. Um é doce, simpático e quase inocente (cena da lenha; cena da negociação para a compra da fazenda); o outro é simpático e nada inocente, é um bom vendedor, só falta nos empurrar uma revista da Natura. E então, Bial? Qual deles te conquista? Ok, mais alguns fatos?

Sabe a última linha do hino dos Estados Unidos? Aquela que diz que a bandeira tremula sobre a terra dos homens livres e o lar dos homens bravos? Pois é isso aí, Bial. O filme é exatamente sobre isso. E é bom lembrar que "bravos", aqui, não significa "com raiva", e sim "corajosos", embora eu vá mais longe e traduza como "homens durões, dispostos a tudo". E é isso que os dois são, homens durões e dispostos a tudo, que escolheram bandeiras diferentes. E, no fim, quem realmente vale mais? O homem que rejeita o próprio filho porque ele fica surdo, em uma espécie de seleção natural, ou o outro que agride o próprio pai em nome de Deus, mas porque este fez um mal negócio? Ok, Bial, não cochilei nesta parte, ele no fundo usava o garoto, mas... será? Ele não estava tão desesperado por raízes que o manteve junto, apesar do "defeito", até achar que tinha encontrado um irmão? E o que ele fez com o "irmão" não foi algo desesperado, de quem se sentia traído por ter abandonado alguém de quem ele gostava de verdade por algo falso? O fato dele ter feito buscarem o garoto não significa exatamente isso? E na segunda rejeição, ninguém fere tanto quem não gosta, basta ver o que você faz comigo! Então, no fundo, era realmente importante para ele passar a imagem de um homem de família, ou ele não passava de alguém desesperado por laços? Como Danny é O MELHOR ATOR DO MUNDO, por mais durão que o Daniel Plainview seja, dá para ler as suas emoções logo abaixo da superfície. Um olhar, um cacoete, um gesto... ai,ai.

Então, no fim, tudo se resume a dinheiro e a humilhar quem te humilha, e aos extremos que se chega para conseguir o que se quer, seja isso uma mansão ou ser aclamado como a voz de Deus, o que no final não basta e você quer é dinheiro mesmo. É o ponto ao qual se vai para construir a América e viver o sonho americano. Arthur Miller e Tenessee Williams já falaram bastante sobre isso, mas está muitooooo tarde e vou deixar esta história para outro dia. Mas, para que não me acusem de não cumprir as minhas promessas:

O dia em que meu amigo Guy passou a roupa do Daniel Day-Lewis

Foi assim: meu amigo Guy sempre fez parte de grupos de teatro (ele é uma daquelas pessoas ridiculamente talentosas, e eu o odiaria se eu não o amasse tanto). Um belo dia, quando meu amigo Guy ainda estudava e morava na Inglaterra, Danny estava em turnê fazendo a peça Romeu e Julieta (na qual ele interpretava Romeu... dã!) e foi se apresentar na... escola? cidade? desculpe, esqueci essa parte... do Guy. Então, meu amigo Guy, responsável por dar uma mãozinha nos bastidores, PASSOU A ROUPA DELE!!!! SIM, SENHOR!!!! Enquanto isso, Danny, prova viva de que Deus existe e é muito bom, passou o dia bebendo no pub local (ai, isso é tão britânico que me deixa até arrepiada) e chegou completamente bêbado para a peça. Alguns cafés pretos depois, ele entrou em palco, ainda bêbado, e, segundo meu maravilhoso amigo Guy, simplesmente ARRASOU!!!

I rest my case!

Nota de rodapé: Minha amiga Paula está na cidade! IUPIII! Mais sobre ela depois.

Originalmente Postado em 22/07/2008